terça-feira, 30 de setembro de 2008

Fim da dinastia filipina

   
   No dia 1 de Dezembro de 1640, um grupo de Nobres portugueses reuniram-se em Lisboa e fizeram aclamar rei de Portugal o Duque de Bragança, D. João IV, restaurando a independência do país face a Espanha. Como os espanhóis estavam em guerra com a Inglaterra, França e Holanda, estes países tornaram-se aliados de Portugal. Em troca, os ingleses receberam Bombaim e Tânger dos portugueses.


   Portugal aproveitou o facto de Espanha estar em guerra para reorganizar o exercido de defesa, para se proteger das constantes tentativas de invasão espanholas. A paz só foi assinada em 1668.
   Os colonos brasileiros conseguiram expulsar os holandeses do Brasil e de Angola, restaurando assim o Império Atlântico português.
  • Rota triângular do Atlântico. De Portugal, partiam colonos, que viriam a povoar e cultivar os territórios portugueses em África e no Brasil. Os escravos eram normalmente comprados com aguardente e levados para o Brasil e para a Europa. O açúcar e o tabaco partiam do Brasil em direcção a Portugal e à Europa.
    • Brasil. No Brasil tinham sido estabelecidas extensas plantações de cana-de-açúcar e engenhos de mão-de-obra escrava, especialmente no litoral nordeste. Simultaneamente, organizavam-se bandeiras, para se procurarem ouro e pedras preciosas. 

domingo, 28 de setembro de 2008

Mare Liberum e capitalismo comercial

   
   O tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, impunha a política do Mare Clausum, que dava aos países Ibéricos o poder de decidir quem por lá podia navegar, mas no século XVII, este domínio é questionado e a política de Hugo Grócio (advogado holandês), Mare Liberum, dá permissão a todos os povos para navegar nos mares, dando oportunidade aos países do Norte da Europa para participarem no comércio marítimo.
Emergem, deste modo, duas novas potências: Holanda e Inglaterra.
  • Holanda. Consegue independência face à Espanha e implanta uma República que assenta sobre o princípio da tolerância política e religiosa (toda a gente era aceite, incluindo aqueles que eram expulsos dos outros países por terem ideias/religiões diferentes). Uma vez que a Burguesia era a classe social mais importante, cria companhias de comércio com poderosas frotas mercantes.
  • Inglaterra. Derrota a Espanha (Invencível Armada), a Holanda e a França (na Guerra dos 7 anos) e, devido à sua Burguesia activa e empreendedora, cria companhias de comércio, passando a dominar, graças ao Mare Liberum, o comércio de escravos. Publica ainda o Acto de Navegação, que visa: desenvolver a construção naval, acabar com a concorrência estrangeira e tornar a Inglaterra rainha dos mares.
   Neste período, nasce, deste modo, o capitalismo comercial, assente sobre três bases: companhias de comércio, bancos e bolsas de valores
  • As companhias de comércio eram compostas por acções, compradas por pessoas anónimas que formavam uma sociedade (também anónima). Pertencer a uma companhia do comércio trazia privilégios, como, por exemplo, o monopólio comercial do lugar a que se destinava a Companhia (a Companhia das Índias orientais dominava o comércio do Oriente, e por ai fora).
  • Os bancos eram instituições financeiras onde se realizam operações, tais como: depósito e levantamento de bens, câmbio (de moedas), empréstimos, etc.
  • As bolsas de valores são praças onde se vendem e compram acções.

sábado, 27 de setembro de 2008

Início da dinastia filipina

   
   Como o comércio do Oriente estava a degradar-se a cada dia, alguns portugueses começaram a defender a conquista de um império no Norte de África. O rei D. Sebastião também apoiava esta iniciativa, pelo que, em 1578 desembarcou em Marrocos com numeroso exército. Foi derrotado pelos árabes na batalha de Alcácer Quibir, onde desapareceu.
   Após o desaparecimento de D. Sebastião, a coroa foi entregue ao Cardeal D. Henrique, que não tinha descendentes, nem conseguiu produzi-los após obter uma dispensa papal que lho permitisse. Assim, a morte do cardeal, em 1580, deixou Portugal com uma crise de sucessão ao trono. Os candidatos ao trono eram os netos de D. Manuel I: D. Catarina, D. António e Filipe II de Espanha: D. Catarina, por ser mulher, não contava com apoiantes; D. António obteve o apoio do povo; a Nobreza, esperava que a união com a Espanha garantisse a segurança dos seus cargos e negócios orientais, e a Burguesia, que queria comerciar com a América espanhola, de onde provinha a prata e o ouro, estavam a favor de Filipe II.
   Em 1580, o rei de Espanha enviou tropas para Portugal para derrotar o Prior do Crato e impor os seus direitos ao trono. D. António foi vencido na Batalha de Alcântara e, nas Cortes de Tomar, um ano mais tarde, ficou estabelecida a União Ibérica: Espanha e Portugal eram considerados Estados Independentes, unidos sobre a chefia do mesmo rei.
   Nas primeiras décadas da dinastia filipina, as promessas foram cumpridas e Portugal beneficiou de uma administração equilibrada. Mas não tardou a sofrer problemas devido à união com a Espanha.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A crise no império português do Oriente

 
   Na segunda metade do séc. XVI, os portugueses depararam-se com grandes dificuldades para manter o império comercial do Oriente. As suas colónias, muito afastadas umas das outras, eram constantemente alvo dos ataques dos muçulmanos. O sobre-carregamento dos barcos, os ataques dos piratas e corsários e as tempestades causavam naufrágios frequentes. A corrupção e a má qualidade das especiarias também faziam com que as despesas de manter os territórios do oriente fossem superiores às receitas (lucro) geradas pelo comércio. Para piorar a situação, as Rotas do Levante reanimaram-se, dando aos mouros uma parcela do comércio do Oriente, que continuava a aumentar face à portuguesa. Também o monopólio régio (todos os lucros do comércio Oriental pertenciam ao rei, não sendo permitida a participação de particulares) impedia que outros pudessem ajudar a situação.
   Para resolver esta crise, D. João III abandonou as praças do Norte de África.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A reforma protestante e a contra-reforma católica

   
   Na Europa do século XVI, a Igreja Católica era muito importante para os países europeus. Contudo, quando surgiu o pensamento Humanista, a Igreja começou a ser bastante criticada, em particular devido ao ambiente de luxo e materialismo em que vivia o alto clero, que tinha feito um voto de pobreza. Por outro lado, apesar do voto de celibato, muitos membros do clero, incluindo o Papa, tinham esposas, amantes e até filhos.
   Algumas pessoas não concordavam com a simonia (= venalidade dos cargos eclesiásticos = a compra dos cargos do clero). Devido a este acto, muitos filhos de nobres estavam entre o clero sem vocação para tal, atribuindo maior importância ao poder temporal (poder dos reis: guerras, caçadas e festas) do que ao poder espiritual (poder do clero).
   Sem dinheiro, devido às guerras iniciadas pelos Papas anteriores, a Igreja, liderada pelo Papa Leão X, criou as bulas de indulgências, que consistiam em cartas que libertavam do Purgatório as almas a quem estavam dirigidas. O dinheiro das esmolas foi usado para construir a Basílica de S. Pedro, uma reafirmação da importância da fé cristã.
   Martinho Lutero, um monge alemão, criticou esta nova iniciativa do Vaticano, argumentando que a entrada para o Céu não dependia de uma bula de indulgência paga com dinheiro, mas sim da fé das pessoas. Para divulgar a sua opinião, Martinho Lutero escreveu as 95 teses contra as indulgências. Mais tarde, discordando da relutância da Igreja em permitir que o povo interpretasse as Sagradas Escrituras, redigidas em Latim e manuseadas somente pelo clero, traduziu o Livro Sagrado para Alemão, recorrendo à imprensa inventada por Gutenberg para distribuir cópias.*
   Todas estas ideias de Lutero fizeram surgir uma nova vertente do Cristianismo a que se chamou Protestantismo.


*Os actos de Lutero levaram-no a ser excomungado e perseguido pela Inquisição, que visava submetê-lo à morte por fogueira e de quem foi salvo pelos príncipes alemães

   Para travar o reformismo, a Igreja Católica iniciou um movimento de combate às novas ideias e renovação interna. Em 1539, Inácio de Loyola criou a Companhia de Jesus, cujos membros, Jesuítas, se didicavam à missionação, à pregação e ao ensino em colégios e universidades, constituindo uma importante barreira contra o avanço da reforma protestante.
   Para decidir como proceder face ao protestantismo, os altos membros do clero reuniram-se no Concílio de Trento (que durou 18 anos) para analisarem as críticas reformistas. A Igreja não aceitou grande parte das propostas de mudança, pelo que reafirmou todos os dogmas da fé católica. Procurou apenas reformar a organização da igreja e os seus costumes, conservando o celibato obrigatório e impondo uma disciplina mais severa.
   Como muitas críticas à igreja Católica eram feitas através de livros, formou-se uma comissão que os censurava e fez-se um catálogo de livros proibidos (que os católicos não podiam ler, sob a pena de excomunhão), a que se chamou Index.
   Para condenar todos aqueles que eram contra as ideias Católicas, foi restaurado um tribunal religioso, a Inquisição, que os vigiava, perseguia e condenava, usando a tortura para obter a sua confissão. Em Espanha, os reis reactivaram a Inquisição, que foi extremamente violenta para com os suspeitos de prática de outras religiões que não a católica, e expulsou todos os judeus dos seus territórios.Aproveitando-se desta situação, os portugueses abriram fronteiras aos judeus, na esperança de que pudessem lucrar com a chegada daqueles burgueses. No entanto, no reinado de D. Manuel I, para que este casasse com a princesa espanhola, foi publicada uma lei que expulsava todos os judeus com 14 ou mais anos. Os restantes deveriam ser baptizados à força e seriam chamados cristãos-novos.
   No reinado de D. João III, foi introduzida a Inquisição em Portugal (1536). Tinha três sedes: Évora, Coimbra, Lisboa.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A arte renascentista


   Na arquitectura renascentista, havia uma mistura de elementos arquitectónicos clássicos, inspirados na arte greco-latina (abóbada de berço, formada por vários arcos de volta perfeita; cúpula; frontão; colunas das ordens dórica, jónica ou coríntia; arco de volta perfeita), com características do racionalismo (equilíbrio geométrico; harmonia de proporções; simetria na distribuição de volumes; horizontalidade (construía-se em extensão e não em altura) obtida usando cornijas, frisos e balaustradas), sendo patente a decoração naturalista (conchas e flores, em baios-relevos).
   A escultura renascentista tinha inspiração na estatuária clássica (classicismo). As estátuas dos artistas do Renascimento deixam de estar associadas à arquitectura, dando a impressão de vida própria. Representam-se muitas estátuas equestres e da figura humana. O Homem é representado com grande harmonia e realismo, valorizando-se o nu.
   A pintura, que consiste, principalmente, em retratos ou descreve cenas religiosas ou do quotidiano, é, predominantemente, naturalista (representação do nu, valorizando a figura humana, geralmente inserido em paisagens naturais), mas, simultaneamente, realista (representação da realidade como ela era), e trabalhada com novas técnicas:
  • Pintura a óleo: permite uma multiplicidade de tons da mesma cor, maior aproximação à realidade e à Natureza e acabamentos mais perfeitos.
  • Sfumato: gradação infinita de cores, com efeitos de luz e sombra, sem contorno.
  • Perspectiva: efeito de profundidade com a ilusão da existência de vários planos.
  • Composição equilibrada: composição em pirâmide.
   Em Portugal, nasce o estilo manuelino, que mantém a tradição gótica da abóbada ogival, arcos quebrados, arcobotantes e predomínio da verticalidade, mas introduz, também, elementos renascentistas: a clareza e unificação do espaço (igreja-salão), em que as três naves estão à mesma altura, cobertas por uma só abóbada; e iluminação lateral. A decoração é naturalista (troncos, folhas, algas e conchas), marítima (cordas e redes) e recorre a símbolos da Coroa (esfera armilar, cruz de Cristo e escudo real).

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A ciência renascentista

 
   No século XV, a base dos conhecimentos sobre a Natureza, o Universo e o Homem eram as obras da Antiguidade, principalmente as de Ptolomeu, Aristóteles e Galeno, mas a admiração pelos autores/pensadores greco-romanos não impediu que os homens criticassem as suas obras. Os portugueses desempenharam um papel importante na crítica ao saber tradicional, através dos conhecimentos adquiridos pelas viagens de navegação realizadas durante os Descobrimentos. Estas provaram que os autores antigos estavam errados, especialmente em relação à geografia (link).
   Os maiores avanços do conhecimento no renascimento foram feitos nos ramos da astronomia e da anatomia.
  • Anatomia. Antes do século XVI, os conhecimentos do corpo humano eram muito rudimentares, mas, durante o Renascimento, os estudos de anatomia evoluíram bastante, devido à dissecação de cadáveres nas Universidades e, sobretudo, aos estudos do médico flamengo André Vesálio.
  • Astronomia. No começo do século XVI, o sistema geocêntrico, a teoria exposta por Ptolomeu no século II segundo a qual  a Terra é o centro do Universo e todos os outros planetas e estrelas giram à sua volta, continuava a ser aceite na Europa, mas, em 1543, Copérnico, expôs uma nova teoria – o sistema heliocêntrico, que dita que o Sol é uma estrela fixa à volta da qual giram a Terra e os outros planetas.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A invenção da imprensa

 
   A imprensa foi inventada por Johannes Gutenberg, na Alemanha e teve uma grande importância na divulgação dos livros: era um método mais rápido e mais barato de publicação do que o dos monges, que os copiavam à mão. Como consequência, os livros perderam algum do seu valor e a sua raridade e as críticas à sociedade foram publicadas em grande número e com muita rapidez, incentivando a população a mudar os seus hábitos (por exemplo, a imprensa teve uma grande importância na divulgação das 95 Teses contra as indulgências, de Martinho Lutero).

domingo, 21 de setembro de 2008

O despoletar do Renascimento

 
   Na Grécia e na Roma antigas, artistas e pensadores centravam o seu interesse no conhecimento do Homem. Na Europa dos finais do século XV e do século XVI, houve um renascimento da cultura clássica: os homens europeus abandonaram a visão teocêntrica dos seus antepassados medievais pela visão antropocêntrica da Antiguidade Clássica, procurando descobrir-se a si próprios e ao mundo. Pode, pois, dizer-se que o Renascimento foi um vasto movimento de renovação intelectual e artística e de transformação da mentalidade.


    O Renascimento surgiu em Itália, uma vez que, no século XV, esta reunia várias condições favoráveis para o desenvolvimento cultural.
  • Muitas cidades italianas eram, no século XV, activos centros comerciais. Assim, os senhores nobres e eclesiásticos e os burgueses ricos praticavam o mecenato cultural (= patrocinar a cultura que o mecenas pratica oferecendo protecção e apoio económico a um artista ou escritor).
  • Nessa época, Itália não era um país unido: o seu território estava dividido em pequenos Estados entre os quais havia um grande clima de rivalidade. Cada Estado pretendia ter os mais belos palácios e igrejas e os artistas e pensadores mais célebres, pelo que havia grandes oportunidades para os artistas e escritores.
  • Itália fora, na Antiguidade, o centro do império romano e, por este motivo, abundavam os monumentos e vestígios da arte greco-romana, que inspirou muitos artistas.
  • As bibliotecas dos velhos mosteiros guardavam cópias de muitas obras dos filósofos e pensadores gregos e romanos, que os intelectuais italianos estudavam.
   Admiradores da cultura clássica e bons conhecedores do Latim e do Grego, os humanistas eram os intelectuais dos séculos XV e XVI. Estudavam as obras dos autores clássicos, como Platão, Aristóteles e Cícero. Os humanistas tinham um novo conceito da vida e do mundo, diferente do da Idade Média: desenvolveram um forte espírito crítico, sobretudo em relação aos problemas da sociedade e a sua grande autoconfiança conduziu ao individualismo (a afirmação pessoal de cada indivíduo e a valorização das suas realizações).

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Balanço dos descobrimentos

  
Transformações políticas
  • Formação dos impérios coloniais europeus. Vários países da Europa conquistaram colónias nos outros continentes, formando assim impérios coloniais.
  • Reforço da centralização do poder régio. Toda a riqueza das terras conquistadas pertencia ao rei, pelo que o poder que vinha com a riqueza se centrava no rei.
Transformações religiosas
  • Expansão do Cristianismo. Cada vez que se conquistava uma nova terra, eram enviados missionários para que se convertessem os novos povos à fé cristã.
Transformações culturais e científicas
  • Conhecimento do globo terrestre. Com todas as viagens, aprendeu-se mais acerca do mundo, não só ao nível geográfico (mapearam-se novos continentes e oceanos e  provou-se que a Terra é redonda) como ao antropológico (novos povos e culturas foram descobertos) e natural (catalogaram-se plantas exóticas das terras recém-descobertas).
  • Valorização do saber empírico. Na época medieval, as pessoas acreditavam no que os eruditos escreviam, sem o contestar, mas, com os descobrimentos, provou-se que esses pensadores estavam maioritariamente errados (principalmente em termos de noções geográficas), tornando-se necessário para os filósofos que as suas afirmações fossem demonstradas empiricamente, ou seja, através da experiência.
  • Expansão das línguas europeias. Quando conquistavam ou descobriam novas terras, os europeus povoavam-nas, levando os povos nativos a adaptar-se à língua e adoptá-la.
Transformações económicas
  • Mudança do centro de comércio mundial do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico. Com as descobertas da América e das novas terras na costa africana, o oceano (Oceano Atlântico) que as banhava passou a ser o principal centro de comércio mundial.
  • Decadência das cidades mediterrânicas e crescimento das cidades atlânticas. Com o centro de comércio no Oceano Atlântico, as cidades em redor do Mediterrâneo perderam o seu poder e influência (foi o caso de Génova, bem como da Veneza e de Constantinopla). Beneficiaram disto as cidades atlânticas, como Lisboa, Sevilha, Antuérpia, Londres e Amesterdão, que passaram a ter poder, influência junto do resto da Europa e grandes mercados.
  • Início da era do capitalismo comercial. Com os Descobrimentos, o comércio tornou-se mais importante do que as terras, ou seja, era rico quem possuía dinheiro e não quem tinha vastos terrenos.
  • Difusão das especiarias orientais e do açúcar. Os portugueses traziam para a Europa especiarias e o açúcar a  preços acessíveis para um público mais amplo, ajudando à difusão destes produtos.
  • Comércio intercontinental baseado em novas rotas comerciais. Através das rotas portuguesas e espanholas, os produtos mais desejados chegavam à Europa, pelo que estas tinham uma grande importância no comércio mundial.
Transformações socioculturais
  • Decadência da nobreza feudal e afirmação da burguesia. Com os Descobrimentos, implementa-se a nova ideia de que quem é rico tem dinheiro, e não terras, contrariando-se a tendência até aí. Assim, os nobres, grandes proprietários, empobrecem face à burguesia que, dependente do comércio, enriquece com as viagens ultramarinas.
  • Circulação de povos (escravatura e imigração). Muitos habitantes das terras portuguesas de África eram escravizados e transportados para outros países. Os portugueses abandonavam Portugal espontaneamente para explorarem os novos territórios.
  • Miscigenação (mistura de povos). Com a descoberta de novas terras e a imigração de portugueses para as ocuparem, estes acabaram por se unir ao povo nativo e produzir descendência mista.
  • Alterações no quotidiano. Descobriram-se, cultivaram-se e povoaram-se novas terras, adoptando-se novos costumes (em termos de vestuário, alimentação, mobiliário, etc.), hábitos gastronómicos, palavras, plantas e animais, etc.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Os primeiros passos dos Descobrimentos

 
   No século XV, Portugal iniciou um movimento de expansão, graças às classes sociais mais ricas do reino...
  • A burguesia e parte da nobreza queriam ter acesso a mercadorias caras e muito procuradas na Europa (ouro africano, às especiarias, ao açúcar e às plantas tintureiras) e a fontes de abastecimento de escravos e regiões produtoras de cereais. Por outro lado, a nobreza também queria alargar os seus domínios senhoriais e obter novos escravos. 
  • O clero considerava sua obrigação combater os infiéis e expandir a fé cristã.
... mas também porque este país reunia as condições necessárias para que se partisse à descoberta de novos territórios:
  • Condições geográficas: Portugal tem uma grande extensão de costa, pelo que os marinheiros portugueses são experientes. Também é um país próximo da costa de África e doa arquipélagos atlânticos.
  • Condições políticas: Portugal era um dos pouquíssimos países que estavam em paz no início do século XV. Em 1411, a paz tinha sido assinada com Castela.
  • Condições técnicas e científicas: os portugueses tinham muitos conhecimentos e técnicas, tendo dominado o uso da bússola, do astrolábio, do quadrante, etc.A caravela, uma embarcação com leme fixo à popa e velas triangulares que permitiam à embarcação navegar com ventos contrários, foi aperfeiçoada pelos portugueses.
   O primeiro alvo de D. João I, então rei de Portugal, foi Ceuta, uma cidade localizada à entrada do mar Mediterrâneo (uma posição perfeita para controlar o comércio da região e a entrada e saída de navios), numa região produtora de cereais. Sendo ocupada por mouros, Ceuta era o local de confluência de diversas rotas, tanto de especiarias como de ouro, pelo que, através da sua dominação, Portugal procurava enfraquecer os mouros e expandir a fé cristã. A conquista, porém, relevou-se dispensável, visto que os comerciantes se limitaram a desviar os seus produtos para uma outra localidade, destituindo Ceuta do seu estatuto de cidade economicamente próspera.
   Pressionado pelos nobres, também Afonso V organizou várias expedições militares ao Norte de África, conquistando várias cidades aos mouros.
   A expansão marítima foi deixada à iniciativa particular e, em 1469, o comércio africano foi arrendado a um mercador rico de Lisboa, Fernão Gomes. Segundo os termos do acordo, Fernão Gomes deveria descobrir cem léguas da costa africana, por ano. Como resultado deste arrendamento, foi explorado todo o golfo da Guiné, incluindo a costa da Mina, onde existia ouro em abundância. Foram também descobertas as ilhas de São Tomé, Príncipe, Fernando Pó e Ano Bom.
   Os arquipélagos atlânticos em que os portugueses ancoraram — Madeira, Açores, S. Tomé e Príncipe e Cabo Verde — foram colonizados através da criação de capitanias, mas, enquanto os primeiros tinham, principalmente, a função de apoio à navegação, os últimos dois eram cruciais no tráfico de escravos.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Europa do século XV

 
   No século XV, com o recuo da peste e o fim das guerras, a população europeia voltou a crescer, aumentou a produção agrícola e artesanal e desenvolveu-se o comércio.
   As principais áreas comerciais continuavam a ser o Norte do continente e os Portos do Mediterrâneo. As especiarias chegavam à Europa através dos comerciantes muçulmanos (rota do Levante), que as vendiam aos italianos, que, por sua vez, as vendiam (com preços inflaccionados) ao resto da Europa. Muitos queriam chegar aos locais de origem dos produtos, para os conseguirem com custos mais baixos. No entanto, a costa africana só era conhecida até ao Cabo Bojador e, a partir daí, os ventos eram contrários aos desejados. Como ninguém tinha viajado mais para sul, corriam boatos e histórias de monstros que assustavam os homens. Por outro lado, chegar à Índia pelo mar Mediterrâneo era impossível, já que os muçulmanos controlavam a navegação nesse mar.
   O conhecimento do mundo era, portanto, muito reduzido. Os homens pensavam que o mundo era plano e, se navegassem até um certo ponto, cairiam num abismo. Os mapas representavam com grandes incorrecções Ásia e África. O continente americano era totalmente ignorado.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

O Interregno

    
   D. Fernando entrou em guerra com Castela e gastou o dinheiro do Reino nas suas guerras. A sua única filha, D. Beatriz, seria casada com o rei de Castela, para selar a paz entre os dois países.
   Em Outubro de 1383, o rei D. Fernando morre. Isto cria confusões em Portugal: o clero e a nobreza aclamam D. Beatriz como rainha de Portugal, mas grande parte do povo e os burgueses revoltaram-se contra a aclamação. Com D. Beatriz como rainha, o povo temia que o seu marido, o rei de Castela, governasse Portugal e que eles perdessem a sua independência. A regente, D. Leonor Teles (viúva de D. Fernando), era odiada pelo povo. Ela tinha casado com D. Fernando contra a vontade do povo e mantinha uma relação íntima com um nobre galego.
   Os burgueses incitaram D. João, Mestre de Avis (um filho ilegítimo de D. Pedro), a desembaraçar-se do conde galego. D. João aceitou e matou-o, vingando a honra do rei morto. Porém, os burgueses fizeram correr a história de que era o Mestre de Avis quem estava a ser morto e o povo acudiu logo, mostrando o seu ódio por D. Beatriz. Revoltas populares ocorriam por todo o país e muitos apoiantes de D. Beatriz foram mortos. D. Leonor Teles fugiu de Lisboa e refugiou-se em Santarém, donde escreveu ao rei de Castela, pedindo-lhe ajuda. Com a invasão iminente dos castelhanos, Portugal precisava de um Regente. Foi escolhido, D. João, Mestre de Avis.
   Finalmente,  rei de Castela invadiu Portugal e cercou Lisboa até as suas tropas começarem a morrer de uma epidemia. Assim que os castelhanos abandonaram Portugal, reuniram-se as Cortes de Coimbra para decidir quem deveria reinar. O Dr. João das Regras argumentou a favor do Mestre de Avis, que foi então aclamado rei.
   Os castelhanos, que ficaram descontentes com esta decisão, voltaram a invadir Portugal. Foram derrotados em muitas batalhas, mas, em Aljubarrota, a vitória português foi essencial para resolver o conflito. D. Nuno Álvares Pereira dispôs o seu exército em quadrado, tirando vantagem do terreno e da infantaria. Os castelhanos saíram derrotados.
   Depois da sua aclamação, D. João recompensou os que o apoiaram e retirou títulos a alguns dos nobres que se opuseram à sua ascensão ao trono.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A crise do século XIV

   
   No século XIV, Portugal e a Europa enfrentavam graves problemas. A fome instalou-se tanto nos campos como na cidade. A população crescia muito rapidamente e a produção agrícola não acompanhava este crescimento. As mudanças climáticas que se começaram a sentir agravaram esta situação. O clima tornou-se mais frio e húmido, prejudicando a produção de cereais e estragando as colheitas.
   Com a fome vieram as doenças, principalmente as epidemias. A população, que estava subalimentada, oferecia pouca resistência ao contágio. A mais grave doença foi a Peste Negra, que, entre 1347 e 1350, se espalhou por todos os países da Europa. Calcula-se que esta epidemia tenha morto cerca de um terço da população europeia.
   À fome e doença juntou-se a guerra, destacando-se, dentre os vários confrontos europeus deste período, a chamada Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. A Península Ibérica também estava em guerra: D. Fernando, que se achava no direito ao trono castelhano, invadiu Castela, do que resultaram muitos conflitos (as guerras fernandinas). Estas guerras começaram em 1369 e só terminaram em 1382.


   Estes problemas provocaram, em Portugal, bem como no resto da Europa, uma grande quebra demográfica. Instalou-se, também, uma crise económica, uma vez que muitas terras foram abandonadas e a produção diminuiu e os preços aumentaram. Com a quebra demográfica, havia menos pessoas para trabalhar. Estas pediram, por isso, salários muito elevados. Para impedir isto, Afonso IV publicou a Lei do Trabalho e D. Fernando a Lei das Sesmarias, que obrigavam as pessoas a trabalhar nos campos e tabelavam os seus salários.